Poemas de Matoula Limnioti (Grécia)- Δημοσιευμένα στην Βραζιλιάνικη Επιθεώρηση Ποίησης ''ACROBATA'' ( ΑΚΡΟΒΑΤΗΣ)

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Poemas de Matoula Limnioti (Grécia)

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Tradução de Floriano Martins

Matoula Limnioti nasceu na Tessália, na cidade de Karditsa. Cresceu entre Karditsa e Molos, na Ftiótida. Estudou no Departamento de Química da Universidade de Atenas, onde reside até hoje. Trabalha como professora. Sua primeira coletânea de poemas, Kirkadion, publicada pela Ostria, foi lançada em 2019, seguida por: Os destinos das coisas, publicada pela Ekati, em 2021.



O DESTINO DAS COISAS

As coisas são como são, isso é Deus.
L. WITTGENSTEIN, Aforismos e Confissões

Coisas bonitas acontecem quando deixas de pensar nelas.
Coisas ruins acontecem quando as esperas.
Coisas simples são as mais belas.
Observo com reverência cada sequência no caminho mortal.
Após a traição, queimo meio cigarro.


AVISO LEGAL

Quando o sol se põe,
as sombras começam a brincar
.
LUIS VIDALES

A sombra da cadeira
no quarto
— como na obra de Eielson —
tremia no chão.
Metade vazio,
metade luz, o espaço, ao ser preenchido,
tinha a forma de um copo e, por isso, transbordava;
com um pé no vazio e o outro
em um solstício, o corpo não obedecia,
e as cãibras retornavam.
A sombra continuava
até o coração da parede.


ÍCARO

Um dia nublado de outono
está chegando ao fim

NAJAI KAFOU, Chuva lenta

O silêncio é uma ameaça se temes rompê-lo.
E os cheiros de ferrugem que chegam
aos ossos são uma ameaça;
mas que bom que prevaleças
em meio à destruição
grande feito é voar com o impulso primitivo.
A última chuva foi apenas terra.


TEMA ABERTO

Quando me apoiei com a cabeça em uma flor, te ouvi falar.
Não digas que não.
ROBERT FROST

Toda vez que digo que vou mudar de assunto,
um tentilhão vem e pousa em tuas mãos,
e distrai minha atenção;
um movimento errado, uma ruptura descuidada,
minha mola imaculada poderá matá-lo.


AS JANELAS

Nestes aposentos escuros, onde passo
longos dias, viro para cima e para baixo
para encontrar as janelas.

C. P. KAVAFIS

Os domingos são cheios de janelas
apreciando a vista deste mundo incompreensível.
Do buraco da fechadura vejo a primeira amêndoa
branca como a deixei;
perceber o que interveio;
ambos os lados estão no mesmo
beco sem saída que não se moveu
em nenhum momento até agora.


ESPINHO

Flores e espinhos
em cima e embaixo

JOSÉ SELGAS

Encheram os abraços com corais e ouriços-do-mar;
sobre uma plataforma Augusto se tivesse uma resposta
que fizesse jus à sua reputação,
o espinho negro emergiria da terra interior.


ESPORADICAMENTE

e, no entanto, o acaso
é realmente acaso?

MARIO BENEDETTI

Eu escapo inesperadamente de onde não acreditarias,
como qualquer desastre;
sou uma semente viva deixada ao acaso.


CEREJEIRAS

Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejeiras

PABLO NERUDA

Será o que pensavas,
e os troncos se dobrarão;
as cerejeiras carregadas
chegarão
à cerca.
Dirás —
só uma poderia fazer
este poema de março.


AMENDOEIRAS

As amendoeiras estão florescendo
em Maiorca
e não estás lá para vê-las.
Da minha varanda ontem à noite
as vi brilhar.
Eu te chamei pelo nome,
eu conjurei teu fantasma,
eu te delineei com pétalas caídas
e uma rajada de vento
te despedaçou.


CLARIBEL ALEGRIA

A árvore une a fruta.
Um aperitivo de primavera.
A embriaguez que me falaste
não chegaria a tempo.

As amendoeiras nos deixaram loucos este ano.

Um pedaço de lua é cortado
e a noite está faminta.

Um pequeno pardal no galho
Parou diante de mim;
não deu uma mordida; e eu,
em nossa fome, me calei.


ATÉ O MAR

Nossa Estrada de Bronze hoje
atravessa os escombros
aqui, através
do Mar das Bênçãos.

PAUL CELAN

Outra noite chega ao mar.
Tão indefesa quanto os medos.
O farol e a lua parecem fraternos.
Lâmpadas em um corredor.
Tenho sede de ti, gritei.
Não por hábito.
Para mim, sempre foi uma necessidade.


MOMENTOS

Assim sou: não tenho nada
a dizer ao tempo.

E ele também não tem
nada a dizer a mim.

OCTAVIO PAZ

No galho
a cotovia comemora
seu destino.

II

Eu te Juro:
não há fé mais fluida
do que o dia seguinte.

III

Nas ligas
te cobiço
mais um dia.


GIRASSÓIS

As folhas mortas caíam,
no jardim silencioso,
e no ar pairava ainda
um perfume de heliotrópio.

JUAN RAMÓN JIMÉNEZ

De inverno em inverno, há amor.
De folha em folha, um caracol já se desnuda.
Eu caminho em vão. As flores são meus estados de espírito.
Os girassóis me trouxeram para suas próprias terras.
De que outra forma poderiam permanecer cruzados em um dia de primavera?


A OLIVEIRA

Para Dimitris

Minha casa
como uma oliveira
abraçando a terra

JUAN RAMON JIMENEZ

Não quero mais falar
Consegui ficar em silêncio
e contemplar as montanhas
e os pássaros amontoados
ver como voam em bandos
pela causa que defendiam
nunca levamos a sério
a lição da natureza.
Agora a luz está úmida
estarás sob a oliveira
cruzarei o verde
absorverás minha noite
porém não te verei


EM UM TEMPO PERDIDO

É disso que se trata, dançar na chuva.
Não porque a chuva um dia nos concederá perdão, mas sim:
porque podemos dançar.

JOSÉ DE JESÚS CAMACHO MEDINA

No pelágico terás te multiplicado,
conversando com a chuva
dançando na chuva
enquanto me deixas


O DESEJO DE PÃ

Pouco a pouco chegarás,
roubando uvas nas terras centrais
em suas últimas rotas;
a tua colheita é brusca,
o vinho de Dionísio, o Imeros.


VIDA ENGANOSA

Sei que há olhos devastados
por uma melancolia cruel

CHARLES BAUDELAIRE

Curso de uma ferida desviada
que me aflige
nosso relacionamento
e a expectativa
de uma ilha.
O mar que segue
e a memória, até onde alcança?

Nossa vida destruída –
na terra devastada
todo nosso pequeno desengano


EM UM INSTANTE

Eu gostaria de desaparecer, de ser nada ao vento,
ser uma névoa na noite, um sussurro abafado.

OCTAVIO SOLTEZ

As músicas desciam
com silenciador os sonhos
abatidos pelo Jarama
e sua auréola noturna
sólida gota de orvalho
no templo do tempo.
Marca uma costa,
sua súplica de ser ouvida.
Minha alma ferida
fugiu do perigo.


LUGAR SECO

Amantes de encontro fugaz,
eternos de idílio nato

VITO ANGELI

Nosso tempo cúmplice
rançosa era a mistura
ardil nossa necessidade
para um abraço
não basta


VIA OBSTINADA

o perfume do jasmim e da madressilva,
o silêncio do pássaro adormecido,
o arco do zanguán, a umidade
– essas coisas talvez sejam o poema.

JORGE LUIS BORGES

Teus verbos do norte
a viga transversal
golpeiam
no cristal o tom se ergue
nas articulações do sul

Respirar fundo e a leste,
um pássaro adormecido
a oeste, um relâmpago
adensa a sombra que desenhaste
justo antes de se arrepender.


DEUS VÊ

Ó noite, faz de mim
teu poeta

RABITATATH TAGORE

Interminável é
a noite de abril.
Uma névoa de fumaça
na encosta abaixo da vila.
Deus observa.
Lá fora, as gotas de chuva
caem como moedas.


O TEMPO QUE PASSAMOS JUNTOS

O tempo é uma criança
brincando com dados

HERÁCITO

O tempo que passamos juntos
está coberto de cadáveres de memórias.

Eu te observo enquanto dormes
pouco antes de partir
Pareces com a rosa que amanhece
Nossos dias são jovens
fora da casca.

Não ouvimos os pássaros
Nosso jardim está voltado
para o norte da nossa história.


PORÉM HÁ O JARDIM

Há um antigo, antigo jardim
que às vezes vejo em sonhos,
Onde a própria luz do sol de maio brinca
e brilha com raios espectrais;

H. P. LOVECRAFT

Porém aí está o jardim
com os brotos de pinheiro,
e a camélia apaixonada pelo vento.

As flores, me dizias, são superiores.
Têm outra inocência.
Inesperadamente se entregam
sem desgosto
à mão que as cortou.

Eu te disse.
A linguagem do homem é um mistério.
Já veremos.


A RUPTURA

Como uma cascata cai o amor
em minha vida
com força e paixão
sem pedir permissão

FILIPPA GIORDANO

Nosso amor agora é uma folha carcomida;
Sobre ela restam duas gotas
de nosso orvalho de agosto.
Todas as imperfeições — sabes — necessitam seus cuidados:
uma a uma, as lagartas emergem, se tiveres paciência, da terra.


OS ELEMENTOS

Há anseios dispersos no ar,
regiões áridas sedentas de água,
e um amor que é o fogo deste mundo
.
MIGUEL FONT

No princípio era a água. Depois a terra.
Névoa fui, certa vez.
Barro paradisíaco
fluindo
sobre a folhagem.
E no meio do sonho
o Tâmisa com suas águas turvas.
Amanhã
se me dissolvo
e me torno nitrogênio
um gás inerte com transmutação.


SKAMANDROS*

Para Floriano Martins

Eis que de seu carro
Febo desce à terra, por mandato de Zeus.
Sarpedão já morto, as mãos divinas
o salvam, ao rio o levam
e o lavam com reverência.
C. P. KAVAFIS

Sob minha pele
do antigo guia
Skamander
de um lado a outro me atravessa
e a partir daí
arrasta em suas águas vermelhas
os cadáveres dos troianos
a seu irmão Simoenta se une
e são jogados juntos
ao mar manchado
que se opõe a
Hades.
É uma viagem de dias
para chegar ao leito de
e eu
com uma mochila
ao ombro
de Perséfone
a descida
tento
esperando encontrar
a relíquia de Sarpedão.

[*] […] Nem mesmo as pragas
eu acho que os carros perdoarão, que sob minhas águas
digo que será encontrado no fundo da lama
E vou embrulhá-lo em minha areia, amontoando sobre os seixos
sem temor, e nem seus ossos
serão encontrados pelos argivos para recolher; tanta lama
sobre ele jogarei. Seu memorial será seu monumento; de outro solo
não mais necessitará, seu túmulo como o dos argivos será roído.

HOMERO, Ilíada (F 316-23)

Σχόλια

  1. Ευχαριστούμε ευγνώμονες τον ποιητή Στέλιο ΚΑΡΑΓΙΑΝΝΗ για την μοναδική ποιητική ανθοδέσμη, την οποία μας προσφέρει.Το άρωμα της θα παραμένη και όταν όλα θα έχουν ξεχαστεί.
    Γιάννης ΧΑΤΖΗΓΕΩΡΓΙΟΥ, ως παραμυθουμενος από τον ποιητικον λόγον σας.

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